No mês em que se celebra o Dia dos Pais vale o alerta para falar sobre autocuidado e saúde bucal masculina – temas que ainda encontram resistência entre muitos homens, pois eles costumam cuidar menos dos dentes, adiar visitas ao dentista e ignorar sintomas importantes, o que pode trazer sérias consequências.
Dados do Ministério da Saúde e de pesquisas epidemiológicas como a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SB Brasil) apontam que homens acima dos 40 anos apresentam maior prevalência de periodontite avançada, perda de dentes, halitose crônica e maior incidência de câncer bucal. Esse cenário se deve, em grande parte, à menor adesão a medidas preventivas, menor frequência de visitas ao dentista e hábitos de vida considerados de risco.
Quais os problemas bucais mais comuns do homem adulto?
1. Doença periodontal
A gengivite e sua forma mais grave, a periodontite, são mais frequentes em homens com mais de 40 anos, especialmente os que fumam, ingerem álcool regularmente ou têm controle glicêmico inadequado. A inflamação gengival crônica, se não tratada, pode levar à reabsorção óssea e consequente perda dentária, além de estar associada ao agravamento de doenças cardiovasculares.
2. Cáries e desgaste dental
Com o envelhecimento, a recessão gengival expõe áreas radiculares suscetíveis à cárie, principalmente em indivíduos com higiene bucal irregular ou consumo elevado de bebidas ácidas e açucaradas. E o bruxismo – comum em homens com altos níveis de estresse – contribui para desgastes severos das estruturas dentais.
3. Halitose persistente
Mais prevalente no paciente masculino, especialmente os que utilizam próteses removíveis, respiram pela boca ou consomem tabaco e álcool. Em muitos casos, a halitose é reflexo de acúmulo de biofilme lingual, doença periodontal ou até refluxo gastroesofágico.
4. Câncer bucal
De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de boca afeta mais de 11 mil brasileiros por ano, sendo 80% dos casos em homens, com média de idade superior a 50 anos. Tabagismo, etilismo, má higiene bucal e exposição solar excessiva (em casos de câncer de lábio) são os principais fatores de risco. A detecção precoce é fundamental para o sucesso do tratamento, reforçando a importância do exame clínico regular.
Os impactos na qualidade de vida e no envelhecimento saudável
Além dos riscos locais, a saúde bucal influencia diretamente a saúde como um todo. Infecções bucais crônicas podem contribuir para quadros de descompensação em pacientes com diabetes, hipertensão e doenças cardíacas. Há, ainda, correlação entre doença periodontal severa e aumento de marcadores inflamatórios sistêmicos, implicando risco aumentado de eventos cardiovasculares.
“Problemas bucais não tratados também afetam a qualidade de vida desses homens, a função mastigatória, a fala, a estética e a autoestima, impactando na saúde mental, no convívio social e na nutrição adequada”, alerta a Dra. Simone Prada, cirurgiã-dentista, mestre em Ortodontia e especialista em dor orofacial.
Dicas para o público masculino a partir dos 40 anos
- Consultas de rotina a cada seis meses – mesmo sem queixas aparentes;
- Avaliação periodontal completa – incluindo sondagem gengival e exames radiográficos;
- Educação personalizada em higiene bucal – considerando limitações manuais, uso de próteses e hábitos alimentares;
- Exame minucioso da mucosa oral – para rastreamento de lesões potencialmente malignas;
- Controle do bruxismo – com uso de placas oclusais, quando indicado, associadas a estratégias de redução de estresse;
- Acompanhamento multidisciplinar – sempre em casos de doenças sistêmicas com repercussão bucal.
A negligência com a saúde bucal masculina, especialmente a partir da meia-idade, representa um risco silencioso, mas significativo. E o dentista tem papel essencial, não apenas na reabilitação, mas também na educação, prevenção e no cuidado integral da saúde do homem adulto.
A Dra. Simone Prada é autora do livro “Terapias Não Medicamentosas para DTM (Disfunção Temporomandibular)”. A obra, para pacientes e profissionais de saúde está à venda na Amazon.
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