A comunidade científica já tinha conhecimento que a Periodontite ou infecções de boca poderiam se instalar nas válvulas cardíacas das pessoas, criando até a necessidade de cirurgia para colocar novas válvulas no coração.
Mas essa nova informação, trazida por Estudo, sobre a periodontite e uma possível associação com a doença de Alzheimer (AD) – patologia neurodegenerativa mais frequentemente associada à idade, cujas manifestações cognitivas e neuropsiquiátricas resultam em deficiência progressiva e incapacitação – merece atenção e ressalta ainda mais a necessidade das visitas periódicas ao dentista para manter a boa saúde bucal.
Trazemos aqui um resumo do Estudo.
Periodontite é uma doença inflamatória crônica polimicrobiana de tecidos de suporte dentário, com etiologia bacteriana que afeta todos os grupos etários, tornando-se crônica num subgrupo de indivíduos mais velhos.
Os agentes patogênicos periodontais Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythia e Treponema denticola estão implicados no desenvolvimento de uma série de doenças inflamatórias em locais remotos de órgãos, incluindo o Alzheimer (AD).
A hipótese inflamatória inicial propunha que as proteínas de marca AD eram os principais contribuintes da inflamação do sistema nervoso central (SNC). Esta hipótese está a expandir-se para incluir o papel das infecções, estilo de vida e fatores genéticos e ambientais na patogénese da doença de Alzheimer.
A Doença Periodontal (DP) tipifica uma condição que engloba todos os fatores acima mencionados, incluindo as bactérias patogênicas. Estas bactérias não só são a fonte de infecções crónicas de baixo grau e inflamação que se seguem a episódios diários de bacteremia decorrentes de tarefas quotidianas como escovar, usar fio dental, mastigar alimentos, e durante procedimentos dentários, mas também se disseminam no cérebro, a partir de vias anatômicas intimamente relacionadas.
O efeito a longo prazo de mediadores inflamatórios, agentes patogénicos e/ou os seus fatores de virulência, atingindo o cérebro sistemicamente ou não, iria, com o passar do tempo, primar a microglia do próprio cérebro em indivíduos que têm traços de susceptibilidade inerentes. Tais susceptibilidades contribuem para uma neutralização inadequada dos agentes invasores, ao atingirem o cérebro. Isto tem a capacidade de criar um ciclo vicioso de meio inflamatório local sustentado, resultando na perda de integridade citoarquitectónica e neurônios vitais com subsequente perda de função (deterioração da memória).
As possíveis vias entre o desenvolvimento da DP e da AD são aqui consideradas, bem como fatores ambientais que podem modular os sintomas da AD.
Tipo de artigo: Artigo de revisão
Autores: Singhrao, Sim K.a; * | Harding, Aliceb | Simmons, Talc | Robinson, Saritad | Kesavalu, Lakshmyyae; 1 | Crean, StJohnb; 1
Afiliações: [a] Grupo de Investigação em Ciências Orais e Dentárias, Faculdade de Medicina e Odontologia, Universidade de Central Lancashire, Preston, RU | [b] Especialista em Cuidados Dentários Especiais, Universidade de Central Lancashire, Preston, RU | [c] Faculdade de Ciências Forenses e de Investigação, Universidade de Central Lancashire, Preston, RU | [d] Faculdade de Psicologia, Universidade de Central Lancashire, Preston, RU | [e] Departamento de Periodontologia, Faculdade de Odontologia, Universidade da Florida, Gainesville, FL, EUA
Correspondência: [*] Correspondência para: Dr. Sim K. Singhrao, Oral & Dental Sciences Research Group, School of Medicine and Dentistry, University of Central Lancashire, Preston, UK. Tel..: +44 1772 895137; Fax: +44 1772 892965; E-mail: SKSinghrao@uclan.ac.uk.
Journal: Journal of Alzheimer’s Disease, vol. 42, no. 3, pp. 723-737, 2014
Accepted 14 April 2014 | Published: 16 September 2014
PMID: 26063967
PMCID: PMC4430664
DOI: 10.1155/2015/137357
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