Você já ouviu falar em DTM, a Disfunção Temporomandibular? Ela é uma condição que afeta a articulação da mandíbula e os músculos da mastigação, e pode estar por trás de sintomas como dor de cabeça, zumbido no ouvido, estalos ao abrir a boca e, ainda, estar associada a dores no pescoço.
Um novo estudo (Association between convergence insufficiency and temporomandibular disorder cross-sectional study.Clin Oral Investig 2021 Mar,25(3):851-858.Douglas Melra Dos Santos et al.) traz mais uma descoberta: pacientes com DTM grave também apresentam maior frequência de Insuficiência de Convergência Ocular (um problema visual que dificulta a focalização de objetos próximos) e alterações posturais.
A pesquisa, conduzida com 138 pacientes com DTM e 46 sem a disfunção, avaliou a dor, a amplitude de movimento da mandíbula e a presença de alterações na visão. Outro estudo mostrou a relação da DTM e alterações na coluna cervical. Os resultados destes dois estudos mostraram que quanto mais severa a DTM, maior a dor e menor o movimento da mandíbula. Além disso, houve associação significativa entre DTM grave e insuficiência de convergência, sugerindo que o problema vai muito além da boca.
Entenda a insuficiência de convergência ocular
A insuficiência de convergência é uma disfunção visual que afeta a capacidade dos olhos de se moverem juntos para focar objetos próximos. É comum em crianças em idade escolar, mas também pode afetar adultos. Os sintomas incluem visão borrada, dor de cabeça e dificuldade de concentração durante leitura.
“Esses estudos nos mostram que pacientes com DTM apresentaram o problema com mais frequência do que aqueles sem a disfunção. Isso não significa que toda pessoa com DTM terá dificuldades visuais, mas indica que a conexão entre musculatura da face, articulação da mandíbula e sistema ocular merecem atenção no diagnóstico”, destaca a Dra. Simone Prada, cirurgiã-dentista, mestre em Ortodontia e especialista em dor orofacial.
Segundo a especialista, a DTM não se restringe à articulação da boca. “Ela pode envolver toda a musculatura da face, têmporas, pescoço e até ombros. Muitos pacientes chegam ao consultório com dores difusas e não imaginam que o problema começa na articulação da boca, por exemplo”, explica.
A articulação da boca a DTM e a postura: qual a relação?
Outro ponto mostrado no estudo diz respeito à relação entre a DTM e o alinhamento da coluna cervical. A Dra. Simone Prada comenta que é possível observar, na prática clínica, essa relação de forma clara. “O alinhamento das escápulas, quando elas estão assimétricas, uma mais projetada que a outra, muitas vezes a causa está na mordida”, relata.
De acordo com a dentista, que segue uma filosofia de atendimento internacional, ao ajustar a mordida, é possível observar um realinhamento imediato das escápulas. “É incrível como pequenas mudanças na boca podem refletir diretamente na postura do pescoço e da parte superior das costas”, destaca.
DTM: diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da DTM é clínico e pode ser feito por dentistas especializados em dor orofacial. Avaliações da musculatura, testes de amplitude de movimento e escalas de dor são ferramentas essenciais para entender a gravidade do quadro. Em alguns casos, exames como ressonância magnética e tomografia também podem ser prescritos.
O tratamento depende do grau da disfunção e envolve várias abordagens que podem incluir fisioterapia, procedimentos do especialista de dor orofacial e DTM e, até mesmo, acompanhamento psicológico, já que o estresse é um fator agravante da disfunção.
A dentista reforça que um olhar integrado é essencial na odontologia. “Cuidar da saúde bucal vai muito além de tratar cáries ou fazer limpeza. Pode ser um importante passo para aliviar dores crônicas e melhorar a qualidade de vida das pessoas”, conclui.
A Dra. Simone Prada é autora do livro “Terapias Não Medicamentosas para DTM (Disfunção Temporomandibular)”. A obra, para pacientes e profissionais de saúde está à venda na Amazon.
Quer saber mais? Siga nosso perfil no IG https://tinyurl.com/yyal26c4
Todos os artigos contidos nesse blog têm finalidade instrutiva, não podendo, sob nenhuma hipótese, substituir uma consulta. Se você quiser falar diretamente conosco, clique aqui.